É junto ao pequeno bairro outrora de pescadores, que existe junto ao parque de estacionamento da praia de S. Julião, que encontramos esta Ermida rural de pequena dimensão e feição rustica, construída no século 18 no local de um possível ermitério quinhentista.
Na parede nascente, fachada principal da ermida, envolvido na decoração azulejar encontra-se o portal de acesso à nave, em cuja verga se encontra inscrita a data da campanha construtiva (1758) e, ao centro um emblema formado por uma coroa, atravessada por uma palma e uma espada.
Por cima, uma cartela em azulejo exibe a figuração dos patronos da ermida, São Julião e Santa Basilissa.
O interior, de nave única e capela-mor, com coberturas diferenciadas de madeira em masseira, apresenta as paredes murárias totalmente preenchidas com painéis de azulejo figurativo barroco, em três registos, numa iconografia que reflete a sua dedicação a São Julião e a Santa Basilissa, cujos episódios são identificáveis por cartela com legenda.
As molduras denotam a linguagem neoclássica, com uma ornamentação mais leve e delicada.
Ainda na nave encontra-se um púlpito de madeira e o coro, assente sobre mísulas de cantaria.
Por fim, na capela-mor, salienta-se o retábulo com as imagens estofadas de São Julião e Santa Basilissa.
Uma última referência para a sacristia, cujo revestimento azulejar azul e branco deverá ser anterior ao da nave, e representa episódios da Paixão de Cristo.
Tivemos a felicidade de encontrar a capela de portas abertas numa das Nossas Semanérias e em Boa Hora ousámos entrar.
Ficou-nos a curiosidade de saber mais da história destes dois santos.
Julião e Basilissa (m. c. 304) foram um casal de esposos, mortos como mártires em Antioquia ou, mais provavelmente, em Antinoópolis, no Egito, durante o reinado de Diocleciano.
Segundo a tradição, Julião, que tinha feito voto de castidade, teria sido forçado pela sua família a casar-se com Basilissa, que também queria consagrar-se a Deus. Assim, acabaram por se casar, mas fizeram um acordo entre si, preservando a virgindade durante toda a vida.
Basilissa morreu pacificamente, mas Julião foi decapitado durante as perseguições de Diocleciano.
Assim se vão preenchendo os Nossos Caminhos de momentos, que certamente não são fruto do acaso 😉
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